O uso de games na educação veio suprir a necessidade que os alunos têm de informação rápida e dinamismo também na hora de aprender. A tendência é ditada por um novo conceito, que alia a experiência dos jogos eletrônicos à pedagogia; estamos falando da gameficação. "A ideia da gameficação é usar os princípios do design de games, como interação, colaboração, como nos games multiusuários, nos quais é necessário formar times com pessoas de outros países, para usá-los na educação. Isso serve para tornar uma aula mais lúdica, presencial ou à distância, que pode incluir o uso de um game", explica João Mattar da Universidade Anhembi Morumbi.
O interessante é que a gameficação pode até vir separada da tecnologia. Segundo o professor, é possível ter uma aula totalmente baseada no conceito dos games sem necessariamente usá-los na sala de aula. Por outro lado, uma aula cheia de apelos tecnológicos pode se tornar realmente chata se o professor não souber conduzi-la. De qualquer forma, o melhor resultado da gameficação na educação é quando teoria e tecnologia se unem; aí então surgem os resultados mais interessantes. "O aluno sente naturalmente. Às vezes ele mora longe ou trabalha longe, se desloca até a universidade e, se ficar apenas ouvindo o professor falar, ele dorme. É natural. Quando a aula é dinâmica e interativa, ele aproveita bastante e se envolve.
Um dos princípios do design de jogos é ter atividades interativas para atrair o usuário, porque se o jogo for chato ninguém vai jogar", explica Mattar. Ainda tem muito professor que resiste à tecnologia. Mas grande parte já viu que o uso da tecnologia na educação é um caminho sem volta e cheio de oportunidades e possibilidades. Mas, aí vem outro desafio: as instituições de ensino também precisam entender essa importância e treinar seus professores. "Precisa de um trabalho de formação de professores para uso de tecnologias em geral, não apenas para games. Repensar as aulas precisa ser feito no horário de trabalho, entre os semestres, quando os professores têm as reuniões. O professor precisa ter essa formação contínua, porque as tecnologias mudam muito rápido e a gente não acompanha" conta o professor da Anhembi Morumbi. Quando a gameficação e a tecnologia são usadas com base em conceitos pedagógicos todo mundo ganha: o professor ganha com uma aula mais atrativa e dinâmica; o aluno ganha e, consequentemente, a própria instituição ganha principalmente reconhecimento.
"É uma ferramenta dentre várias que professor tem para utilizar. Ele pode utilizar ferramentas tradicionais e não usar tecnologia em algumas atividades. O professor pode ter atividades práticas, com hands-on, que podem se gameficados mas tem um objetivo. Isso é importante: não adianta querer gamificar tudo, porque também fica chato. A pessoa não joga videogame o dia inteiro. Alguns morrem jogando 24 horas sem parar, mas normalmente é um elemento a mais na vida da pessoa", conclui João Mattar. A gameficação é mais uma ferramenta tecnológica a serviço do avanço da educação no Brasil e no Mundo.